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Soluções urbanas: as cinco primeiras lições das Redes de Transferência URBACT

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20 April 2020
Read time: 4 minutes

Descubra porquê e como partilhar boas práticas urbanas!

Seja qual for a sua localização na Europa, as cidades enfrentam desafios semelhantes. Por exemplo, alterações climáticas, habitação acessível e população envelhecida estão na maioria das agendas municipais. A boa notícia é que as cidades estão constantemente a conceber e implementar novas soluções. A má notícia é que ainda não são suficientemente eficazes a partilhá-las. Porque é que isto acontece – e o que podemos fazer acerca disto? Para responder a estas questões, o URBACT lançou 23 Redes de Transferência de Boas Práticas em janeiro de 2019. Um ano depois, a meio do percurso, refletimos sobre o seu progresso. Aqui, desvendamos cinco importantes lições resultantes do seu trabalho até ao momento.

1. Desde o início, concordar sobre o que será o sucesso

A transferência de boas práticas pode ser um assunto complicado. Só porque uma solução funciona num sítio, não significa que possa ser simplesmente aplicada noutro. Não é uma receita para copy and paste. O processo de transferência revela-se frequentemente complexo, sobretudo quando a Boa Prática em questão está enraizada e é sistémica.

Como é que as cidades em rede abordam a questão? Uma maneira é concentrarem-se em elementos específicos da Boa Prática, que cada cidade poderá mais facilmente adaptar e implementar. Este posicionamento reconhece que, embora o modelo original possa não ser replicado na íntegra, alguns elementos que lhe são inerentes podem ter um potencial universal.

Esta aproximação pragmática é evidente em várias Redes de Transferência. Uma destas redes é Making Spend Matter, que tem como objetivo renovar a contratação pública para um melhor impacto ao nível local. Neste caso, cada cidade participante concebeu e implementou a sua própria Análise Local de Gastos como ponto de partida. Para algumas, poderá ser um fim em si mesmo, muito embora, para a maioria, constitua uma plataforma para mais trabalho nesta área.

2. Identificar quick wins

Os conceitos importados de outros lugares podem encontrar resistência ao nível local. No caso de soluções estratégicas em larga escala, poderá ser difícil discernir os potenciais resultados. Para tratar esta questão, as redes consideraram útil a identificação de quick wins (benefícios rápidos) tangíveis que possam ser postos em marcha em cada cidade participante.

A rede C-Change, liderada por Manchester, constitui um bom exemplo. É campeã na redução das emissões de carbono através do setor da cultura e indústria criativa. Nesta cidade líder, foram necessários anos para chegar à dinâmica atual. No entanto, para acelerar a transferência para outras cidades, a C-Change identificou elementos que podem ser rapidamente adaptados e implementados.

Um destes é o conceito de Carbon Literacy Training, que cria uma rede de agentes informados que promovem a redução de carbono dentro de organizações locais chave, como hospitais, escolas e empresas. Já foram treinados funcionários em cada cidade, criando-se assim um ativo imediato que trabalha para o objetivo a longo prazo.

3. Começar com o fim em mente – e utilizar ferramentas que ajudem a planear o progresso

Em cada um dos casos mencionados, os parceiros concordaram desde o início sobre o que seria o nível mínimo de transferência. Cada Rede de Transferência URBACT produziu um Plano de Transferência, que cada cidade parceira complementou com a sua própria previsão de progresso na transferência. Isto segue o mantra de Stephen Covey: começar com o fim em mente.

Sendo que poucos parceiros irão transferir a Boa Prática original na íntegra, é importante compreender o que será considerado o sucesso - e como poderão as cidades saber se estão a caminhar na direção certa.

Várias redes conceberam ferramentas inteligentes para registar e monitorizar o progresso. Um exemplo é a rede Biocanteens, liderada pela pequena cidade francesa de Mouans Sartoux (FR). Esta rede procura replicar o modelo da cidade no fornecimento de alimentos biológicos acessíveis e produzidos localmente para espaços de restauração públicos. Cada parceiro produziu um módulo de transferência visual detalhando as suas componentes de transferência prioritária (ver imagem acima).

Na região mediterrânica, a rede BluAct, liderada pela cidade do Pireu (EL), empenha-se no crescimento da Economia Azul. Desenvolveu um painel de indicadores simples para que as suas cidades pudessem verificar o seu progresso rapidamente, encorajando a contínua partilha de revisão entre pares (ver imagem à direita). Ferramentas visuais como esta mantêm todos os parceiros no caminho certo, enquanto destacam os objetivos para cada cidade.

 

4. Salto para a experimentação de pequena escala

As redes URBACT conferem às cidades espaço para aprendizagem, inovação e experimentação.

Apesar de cada Rede de Transferência ter uma cidade parceira líder com uma Boa Prática para partilhar, podemos observar que a aprendizagem se faz em todos sentidos. Não se trata simplesmente de cidades parceiras que chegam como recetáculos vazios prontos a ser preenchidos com conhecimento!  Cada cidade traz a sua própria experiência e perspetivas e as cidades com Boas Práticas absorvem-nas e melhoram os seus conceitos originais.

A prototipagem de novas abordagens é importante e algumas redes dispõem de um enquadramento específico de suporte à experimentação de pequena escala. Um bom exemplo disso é a rede On Board, que se centra na inovação e no sistema educativo. Neste projeto, todos os parceiros se comprometeram em experimentar uma intervenção desenvolvida por outra cidade On Board. O que inclui o parceiro líder, Viladecans (ES), que explora o conceito pioneiro de Poznan (PL) de uma estação de rádio amadora.

Outra cidade polaca, Łodz (PL), lidera o projeto Urban Regeneration Mix, em que a aprendizagem multilateral e a experimentação também são evidentes. Nesta rede, Toulouse (FR), Bologna (IT), Baena (ES), Birmingham (UK) e Braga (PT) identificaram um menu de intervenções em bairros (chamadas ‘Foundation Builders’) incluindo a abordagem pioneira de Łodz, envolvendo residentes como agentes proativos. No início de 2020, um programa de acompanhamento entre parceiros irá apoiar a iniciativa.

5. Certificar-se que se compreende o que se está a passar – e explorar diferentes maneiras de contar a história

O cronograma para a Rede de Transferência URBACT [BeePathNet] é de curta duração e intensivo. Após dezoito meses de atividade, na segunda metade de 2020 irá ser disponibilizada uma plataforma para a partilha e, talvez ainda, multiplicar estas experiências de replicação. Na preparação disto, as cidades participantes têm mantido o registo da sua jornada de aprendizagem para que outros possam beneficiar da sua experiência.

As cidades da Rede de Transferência têm-no feito através de uma série de canais – incluindo diários de transferência e pequenos vídeos. Fiéis ao espírito URBACT, identificaram diferentes partes interessadas que refletissem a riqueza e diversidade da jornada. No final de 2019 já se podia encontrar uma variedade de reflexões pessoais inovadoras que capturavam as histórias de transformação dos participantes. Para além de políticos e gestores urbanos, estas reflexões representam as vozes de professores, apicultores e cozinheiros – cada um descrevendo a sua própria jornada.

O que acontece a seguir?

Ainda este ano iremos divulgar, em digressão, estas histórias de transformação. Os Pontos URBACT Nacionais irão trabalhar com as cidades das Redes de Transferência para apresentar estas experiências pela Europa. Será uma oportunidade de encontro entre as cidades participantes e de partilha de Boas Práticas, que poderão ser adaptadas para ir ao encontro das necessidades da sua cidade. Fique atento a novos detalhes a serem divulgados em breve.

 

Nota do tradutor: as datas indicadas no texto original poderão sofrer alterações devido ao contexto atual (COVID-19)

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