Região de Coimbra: Um milhão de estórias gastronómicas

Um dos objetivos base da Comunidade Intermunicipal (CIM) Região de Coimbra é otimizar o desenvolvimento sustentável do turismo e das atividades económicas aglutinadas a este setor, potenciando e integrando os recursos e estruturas existentes, de uma forma mais organizada e integrada, incentivando e atuando no sentido do planeamento integrado, da criação e da promoção de projetos de caráter intermunicipal que unifiquem a oferta e a imagem da Região, enquanto destino de qualidade, quer para viver quer para visitar.

No fundo, na Região de Coimbra vemos a gastronomia não apenas como uma arte culinária, mas como uma área do conhecimento, com potencial agregador da dinâmica local, envolvendo produtores, consumidores, profissionais, estudantes, amadores e … turistas!

Diversidade gastronómica

A tradição e preservação da nossa identidade é comum a toda a região, refletindo uma diversidade gastronómica ímpar, que complementa e enriquece a experiência de quem nos visita. A realidade da serra contrasta com a da zona costeira e permite trazer para a mesa o saber e o sabor, quer das gerações longínquas, quer de um povo que desenvolveu uma cozinha de subsistência. A gastronomia da Região de Coimbra é vasta, incluindo pratos de peixes de rio e mar, carnes e doces conventuais, que prometem agradar a todos os palatos.

A gastronomia é um elemento-chave e, conscientes desta realidade, entendemos que era o momento para elaborar a candidatura da Região de Coimbra ao título de “Região Europeia da Gastronomia 2021”, que envolve, para além do núcleo de fundadores onde se inclui a Universidade de Coimbra, um conjunto pluridisciplinar de organizações que vão desde a saúde, à educação, aos Grupos de Ação Local, às Confrarias, Cooperativas, Associações, até aos privados.

Este projeto, no qual estamos a trabalhar afincadamente, tem como suporte um programa de desenvolvimento e valorização da imensa riqueza de produtos da Região de Coimbra, que são perfeitos para cozinhar uma excelente receita turística, ligando o território pela excelência dos seus sabores e receituário, onde se destacam: a Chanfana, a Lampantana, o Cabrito, o Leitão, a Lampreia, o Pescado da Arte Xávega, a Sardinha da Figueira da Foz, o Arroz do Baixo Mondego, os Queijos DOP – Rabaçal e Serra da Estrela - e a Doçaria Conventual.

O mote

Sob o mote “A Million Food Stories”, a Região de Coimbra, enquanto Região Europeia da Gastronomia, quer mostrar que, mais do que a perspetiva de alimento, fala de património, comensalidade, tradição, cultura e, acima de tudo, de pessoas que contam estórias e criam memórias que enriquecem a experiência gastronómica. Aqui, as comunidades assumem uma centralidade incontornável, preservando o que é único e autêntico num território vasto e com uma geografia que favorece a diversidade ímpar de produtos endógenos que, aliados às estórias que passam de geração em geração, fazem da Região de Coimbra uma região com um milhão de histórias para partilhar com quem se adentra nos seus sabores. E quem não gosta de uma boa história?

A distinção

A distinção da Região de Coimbra como Região Europeia da Gastronomia 2021-2022 tem, subjacente, o reconhecimento da construção de um projeto que reflete a vontade de valorizar a identidade, a diversidade e a autenticidade dos territórios e das comunidades locais, através de narrativas em torno da gastronomia. Através desta distinção, a CIM pretende contribuir para a coesão económica e social da Região de Coimbra, através da qualificação contínua do destino, regenerando, requalificando e reabilitando os territórios com potencial turístico, através do seu património cultural e natural, material e imaterial, gerando notoriedade, e atraindo pessoas e investimento.

A marca comum “Região Europeia de Gastronomia 2021-2022” tem intrínseca uma estratégia orientadora que está ancorada na valorização do território e das comunidades, impulsionando a economia e encontrando novas soluções para a sustentabilidade ambiental, económica e social.

Reconhecendo a riqueza da biodiversidade da região, a estratégia da Região Europeia da Gastronomia cruza-se com os objetivos da rede URBACT FOOD CORRIDORS, liderada pela CIM Região de Coimbra, no sentido de estimular o consumo de produtos da época, respeitando o ciclo produtivo, encurtando a cadeia do abastecimento e dinamizando a economia local, contribuindo, ainda, para uma alimentação mais saudável e próxima da dieta mediterrânica, oferecendo experiências singulares e memórias.

Reconhecemos a importância das práticas sustentáveis na perpetuação dos recursos e queremos melhorar os mecanismos de planeamento e prevenção, protegendo os produtos endógenos e a gastronomia local. Um sistema de produção sustentável, do ponto de vista ambiental, económico e social, contribui para a valorização dos produtos e consciencialização dos consumidores sobre as boas práticas de produção, transformação e o consumo dos alimentos, onde se incluem os estudos da avaliação do impacto de novos produtos na saciedade, regulação do apetite e diminuição da obesidade, bem como da segurança alimentar.

Esse é também um dos objetivos da rede FOOD CORRIDORS: mostrar aos jovens os ciclos produtivos dos produtos endógenos; apresentar-lhes os produtores locais e pô-los em contacto com esta realidade, às vezes pouco acessível. Desta forma, podemos contribuir para “novas formas de fazer”, criando condições para a inovação e criatividade e valorizando profissões e saberes que corremos o risco de ver desaparecer, fruto da evolução tecnológica e das profissões emergentes. O foco passa pela capacidade de inovar, sem desvirtuar o tradicional, aproximando-o dos novos padrões de consumo.

No sentido de reforçar este compromisso em torno do desenvolvimento de políticas alimentares sustentáveis, a FOOD CORRIDORS aderiu recentemente à Declaração de Glasgow - Alimentação e Clima, tendo sido a primeira rede do programa URBACT a tornar-se parceiro desta declaração.

Texto da autoria de Vera Lopes, responsável pela comunicação no âmbito da rede FOOD CORRIDORS