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As redes sociais são determinantes na governança das cidades

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06 March 2017
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Esta convicção surge como base da parceria que dá vida ao projeto Interactive Cities e que tem enquadramento no Programa URBACT, na vertente LAP – Local Action Plan. São 10 pólos urbanos, de outros tantos países europeus que, apesar dos desafios, das escalas e dos estatutos muito diferenciados, convergem numa vontade comum: utilizar e otimizar as redes sociais como ferramentas estratégicas na promoção do desenvolvimento sustentável, ampliando a componente da cidadania e da participação a níveis nunca antes imaginados nos sistemas de governança local.  

Dez personagens emergiram do futuro. Surgiram de Paris, Ghent, Genova, Palermo, Tartu, Debrecen, Varna, Múrcia, Alba Iulia e Lisboa. Algumas, com nomes quase misteriosos, só foram totalmente conhecidas na Transilvânia (Roménia), por ocasião do primeiro encontro entre parceiros. Foi o caso da Maria, residente num bairro social de Marvila que, com 16 anos de idade e aluna do 10º ano, foi envolvida num concurso sobre tecnologias de comunicação móvel que a levou a projetar uma nova abordagem às formas de interação entre os residentes do bairro e as estruturas de planeamento do município.

Dar asas à imaginação

Maria foi apenas uma das criações das equipas de projeto que concretizaram o pedido formulado pelos peritos URBACT para que as cidades envolvidas imaginassem os impactos das ações do Plano Local através do relato de uma ficção que refletisse as mudanças desejadas na fase do planeamento. O mote foi dado e as narrativas marcadas pela criatividade, ultrapassaram todas as expectativas. Uma coisa é certa, o futuro interativo já foi visitado por 10 cidades desejosas de aproximar os cidadãos de formas mais participativas de tomada de decisão e de gestão dos assuntos de interesse comum.

 

Uma mudança de paradigma

O tema central do projeto e da atividade da parceria surge, apesar de tudo, como muito amplo. Trata-se de tecnologia, de comunicação, de planeamento e de muitas outras áreas que convergem no campo da participação e até da democracia. Desenvolver cidades interativas implica, antes de mais, construir um sistema tecnológico, no campo da comunicação, que favoreça uma produção de conteúdos baseada principalmente nos próprios utilizadores. O Used Generated Contents constitui um foco primordial da construção de espaços multicanal que devem procurar a horizontalidade e fugir das relações top-down tradicionais. 

Segmentar as abordagens

Atendendo à amplitude temática mencionada, os parceiros do projeto optaram por focar em três domínios fundamentais as suas atuações em matéria de pesquisa e de planeamento:

  • o turismo e os desafios que resultam da necessidade de uma interação forte com todos os residentes das áreas implicadas (bairros tradicionais, centros de cidade, zonas costeiras), de forma a garantir a participação das populações nas opções que vão sendo tomadas em matéria de infraestruturas e de modernização de equipamentos;
  • a promoção de negócios e as modalidades de comunicação que envolvem na gestão de conteúdos todos os intervenientes nos processos de interação. O caso mais emblemático deste domínio é o do comércio retalhista local com as novas dinâmicas de Pop Up Store, de comercialização eletrónica e de relação cúmplice com o consumidor. Nestas abordagens, a comunicação baseada nas redes sociais torna-se determinante para o sucesso de uma estratégia que assenta na proximidade. Trata-se de um caso de proximidade de interlocução e não exclusivamente de contacto direto e físico entre intervenientes.
  • A regeneração urbana, com uma ampliação do sentido das operações que passam a abarcar as dimensões económica, social e ambiental e, não apenas, a urbanística. Nesta linha de ampliação e de integração das variáveis presentes nos territórios, também a utilização e sistemática mobilização dos meios de comunicação flexíveis, como as redes sociais, tornam-se essenciais para gerir o espaço público e as restantes vertentes urbanísticas como cenários de vida dinâmicos que obrigam à participação e à implicação dos mais diretos interessados.

Encontros europeus

Depois das jornadas de Alba Iulia em setembro de 2016 e do meeting de Lisboa nos passados dias 8,9 e 10 de Fevereiro, estão previstos novos encontros desta parceria que conta com a liderança da cidade de Génova e com o apoio de vários peritos europeus que enquadram as atividades e asseguram uma ligação muito intensa entre todos os participantes. O próximo desafio é a deslocação a Tartu, na Estónia, que servirá para as diversas equipas apresentarem os primeiros resultados do Plano de Ação Local desenhado na última jornada do encontro de Lisboa.

 

Tudo indica que no país báltico, em junho, já não será suficiente puxar pela imaginação e relançar as personagens da ficção criada no exercício inicial. Desta vez, terá que ser com personagens reais e com os atores dinâmicos da cidade que aceitem o desafio de uma utilização criativa das redes sociais para impulsionar novas formas de governança local.

Texto da autoria do Coordenador do projeto Interactive Cities na Rede DLBC Lisboa - Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos

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