Proteção e promoção da biodiversidade

SÍNTESE

A cidade de Guimarães criou um plano estratégico para proteger e promover a biodiversidade nas áreas urbanas. O plano destaca a importância das espécies autóctones e o seu valor acrescentado. O principal objetivo é sensibilizar e educar os cidadãos e os agentes locais através de uma forte liderança. O projeto de Boas Práticas P2GREeN comporta duas fases principais. Cada fase inclui três ações distintas mas interligadas, que podem ser implementadas em qualquer cidade para promover e valorizar a biodiversidade:

1) Diagnóstico/Caracterização: Plano de Controlo de Espécies Invasoras, Educação Ambiental e Reflorestação (espécies autóctones), Criação de uma Base de Dados de Biodiversidade.
2) Valorização de Roteiros Naturais, Promoção da Observação de Espécies, Desenvolvimento do Turismo de Natureza.

SOLUÇÕES PROPOSTAS POR ESTA BOA PRÁTICA

O projeto de Boas Práticas P2GREeN (abordagem holística) comporta diferentes ações interligadas, que podem ser implementadas noutras cidades e se destinam a proteger/promover a biodiversidade:

1) Diagnóstico/Caracterização

1.1 Plano de Controlo de Espécies Invasoras
Foi implementada uma iniciativa para caracterizar, combater e monitorizar as espécies invasoras.

1.2 Educação ambiental – (Re)florestação (espécies autóctones)
Foi desenvolvido um programa de sensibilização/educação ambiental em que as crianças são convidadas a plantar árvores e a protegê-las durante todas as suas fases de crescimento. Várias empresas privadas manifestaram interesse em participar no projeto através da compra das árvores a plantar.

1.3 Criação de uma base de dados de biodiversidade
Foi criada uma aplicação móvel designada “Biodiversity GO” como forma de ajudar a desenvolver a base de dados de biodiversidade da cidade e promover o turismo de natureza.

2) Valorização

2.1 Roteiros naturais:
Foram criados roteiros de biodiversidade para divulgar a biodiversidade da região e promover o património natural, com a participação da comunidade escolar.

2.2 Promoção da observação de espécies
A Sociedade Ornitológica de Guimarães foi criada no intuito de educar e sensibilizar a comunidade para a importância de proteger a biodiversidade.

2.3 Desenvolvimento do turismo de natureza
Melhoria do grau de atratividade das zonas com potencial interesse natural para a população local e os turistas. O incremento do número de eventos desportivos e de novas atividades pode contribuir para a criação de novos empregos sustentáveis. Promoção de atividades turísticas relacionadas com a natureza associadas a eventos de cariz cultural e ambiental.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E INTEGRADO

O projeto de Boas Práticas P2GREeN reflete totalmente os valores do programa URBACT, na medida em que assenta numa abordagem sustentável e integrada para lidar com os desafios do mundo urbano. As ações integradas do P2GREeN estão em plena consonância com o movimento "Green City", uma vez que propõem uma série de objetivos estratégicos destinados a proteger áreas urbanas com potencial, tal como definidas na Estratégia de Biodiversidade da União Europeia para 2020, dando pleno cumprimento às diretivas comunitárias "Aves" e "Habitats", tendo em vista preservar e restaurar os ecossistemas e os seus serviços, reforçar a biodiversidade e combater as espécies invasoras. A nova Estratégia de Biodiversidade da UE salienta a necessidade de adotar ações a nível local que contribuam para evitar a perda de biodiversidade global.

A estratégia reconhece a importância de ter em conta os benefícios económicos e sociais que a natureza proporciona, salientando a necessidade de desenvolver projetos multidisciplinares destinados a promover/preservar a biodiversidade e, por conseguinte, a incentivar a criação de emprego e a promover o turismo. Neste contexto, o P2GREeN também assenta numa abordagem integrada/participativa, ao promover a integração horizontal, combinando dimensões físicas, económicas, sociais e ambientais. Em 2014, foi realizada uma avaliação ambiental da cidade, que permitiu desenvolver e definir um programa de mobilização e sensibilização da população para a sustentabilidade do território.

Através de uma ação fortemente mobilizadora, foi possível sensibilizar as partes interessadas e a comunidade escolar local, o que envolveu uma cooperação entre todos os níveis da administração pública e os agentes locais (promovendo uma integração vertical).

UMA ABORDAGEM PARTICIPATIVA

Todas as ações desenvolvidas e implementadas no âmbito do P2GREeN assentam numa abordagem participativa, que promove interações entre agentes públicos/privados e reconhece a importância do conceito ciência cidadã e da participação da comunidade. O programa ambiental PEGADAS reúne mais de 30 parceiros de diferentes áreas, contribuindo para reforçar a abordagem holística do P2GReEN. Os parceiros do PEGADAS organizam ações num contexto escolar destinadas a educar e sensibilizar os estudantes para a adoção de comportamentos sustentáveis

A aplicação móvel "Biodiversity GO!" foi desenvolvida com base no conceito ciência cidadã, em que as pessoas são convidadas a criar a base de dados do município. O programa de reflorestação é em si um processo participativo que comporta dois níveis interligados (envolvendo instâncias educativas e participação do setor privado) e visa sensibilizar a comunidade para a importância das espécies nativas. A informação técnica relativa às espécies autóctones foi produzida por técnicos da Câmara Municipal. Essa informação envolveu diversos procedimentos, incluindo a identificação e recolha de sementes, a criação em regime de viveiro e a posterior plantação das espécies. Os alunos foram convidados a recolher sementes nas imediações das escolas. Em seguida, plantaram e cuidaram das suas árvores dentro das próprias escolas. Posteriormente, a Câmara Municipal lançou uma campanha convidando as pessoas interessadas a participar na plantação das árvores. Por último, foram promovidos roteiros de biodiversidade e ações de observação das espécies num processo participativo envolvendo a população e a comunidade escolar.

QUE IMPACTO TEVE ESTA BOA PRÁTICA?

O programa ambiental PEGADAS comporta mais de cem atividades em que participam mais de trinta parceiros envolvendo todas as escolas do concelho. No seu primeiro ano de atividade, o PEGADAS levou todos os alunos de Guimarães a debater a questão ambiental. No âmbito do programa de florestação, foram plantadas mais de 15.000 árvores em Guimarães.

O programa PEGADAS deu mote a outras iniciativas (como o Eco-Parlamento) em que os jovens tiveram oportunidade de propor soluções para melhorar a biodiversidade. Foi também criada uma aplicação móvel (Biodiversity GO!) que visa desenvolver uma base de dados sobre as diversas espécies encontradas em Guimarães. Já foram identificados e integrados no plano de roteiros da cidade diversos roteiros naturais. Os roteiros foram testados com a participação da população e, para tal, foram desenvolvidos vários eventos. Todas estas ações contribuíram em conjunto para promover a Biodiversidade de Guimarães.

POR QUE RAZÃO DEVEM ESTAS BOAS PRÁTICAS SER APLICADAS A OUTRAS CIDADES EUROPEIAS?

A importância de promover e preservar a biodiversidade urbana é uma matéria amplamente discutida no seio da comunidade internacional ligada à conservação. Os investigadores que trabalham nessa área confirmam que as áreas urbanas concentram em muitos casos uma grande riqueza de espécies e podem funcionar como centros de biodiversidade locais e regionais. Neste contexto, já foi salientada não só a importância da conservação de espécies e habitats raros, mas também a necessidade de gerir o vasto leque de habitats existentes nas zonas ou nas imediações das zonas onde as pessoas vivem, trabalham e circulam. Estamos deste modo plenamente convencidos de que o projeto de boas práticas P2GREeN apresenta um grande interesse para outras cidades da UE, em particular para as cidades que pretendam desenvolver um Plano Integrado de Biodiversidade Urbana para proteger e promover a biodiversidade das suas zonas verdes urbanas.

A implementação do projeto P2GREeN de Boas Práticas pode ajudar outras cidades a definir o modelo e a distribuição da biodiversidade urbana, além de contribuir para alcançar objetivos específicos no plano social, como a gestão à escala comunitária, o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza nas cidades. As Boas Práticas estão organizadas numa estrutura hierárquica com várias fases de planeamento. Ao nível do planeamento estratégico, são tomadas decisões relativamente à obtenção de resultados sustentáveis e à plantação de espécies locais, respeitando a legislação e as políticas de referência. As Boas Práticas incluem ainda uma série de ações destinadas a fomentar o turismo de natureza e a promover a participação dos cidadãos.

NÚMEROS-CHAVE

Início:  2015
Conclusão: Em curso
Data de atribuição do selo 02/06/2017
Orçamento: 100-150 mil €

Texto da autoria da equipa Boas Práticas da CM Guimarães

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