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O planeamento de Energia Líquida Zero em cidades e regiões

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21 October 2020
Read time: 3 minutes

O projeto URB-EN PACT pretende desenvolver um método para que cidades e regiões elaborem planos de ação no âmbito da Energia Líquida Zero

O Acordo de Paris abrange a redução das emissões de gases com efeito de estufa, a adaptação e o financiamento. Os seus termos foram finalizados na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas de 2015, COP 21, realizada em Paris, França, tendo sido assinado em 2016. Os 196 países participantes acordaram um pacto global, denominado Acordo de Paris ou   Protocolo de Paris, com o objetivo de reduzir as suas emissões "o mais rapidamente possível", tendo-se igualmente comprometido a fazer o seu melhor para manter o aquecimento global "bem abaixo dos 2ºC" em relação aos níveis pré-industriais e a "prosseguir os esforços para" limitar o aumento da temperatura a 1,5°C sempre que possível. O objetivo de 1,5 °C exigirá emissões zero algures entre 2030 e 2050, sendo esse o motivo que está a levar as cidades a tomar medidas agora.

Cidade e consumo de energia

Em 1900, apenas 13% da população mundial vivia em cidades, enquanto que em 2015, esse número era superior a 50%. É, portanto, nas cidades que vive a maioria da população mundial, o que explica a razão pela qual cerca de 70% do total global das emissões de dióxido de carbono relacionadas com a energia provêm de áreas urbanas.

Face a este contexto, algumas cidades já se encontram numa fase bastante avançada no âmbito da implementação dos processos de Energia Líquida Zero. Por exemplo, Copenhaga tem um plano para se tornar uma cidade de Energia Líquida Zero até 2025 - a cidade tem aliás estado na vanguarda das políticas urbanas sustentáveis há várias décadas. E quanto a outras cidades - "cidades típicas" - cuja experiência na implementação de políticas ambientais está menos desenvolvida?

O projeto URB-EN PACT

O URB-EN PACT é um projeto de parceria para cidades "típicas" europeias, e não apenas para aquelas que estão bastante avançadas na consecução da sustentabilidade energética, reunindo ainda parceiros muito diversos em termos de localização geográfica, dimensão, perfil demográfico, perfil industrial e experiência na implementação de medidas de eficiência energética. Os nove parceiros representam sete nações europeias, cada uma das quais com políticas energéticas e cabazes energéticos distintos, tal como pode ser visto claramente no quadro seguinte que fornece dados resumidos relativos a cada parceiro.

 

Parceiro

País (localização aproximada)

População

[‘000]

Tipo Cidade/ Região

Cabaz de Energia Nacional

CIM Alto Minho

 

Portugal (região Norte)

231

Território urbano de baixa densidade, compreendendo várias pequenas cidades

Térmica (65%), Eólica (20%), Hídrica (13%), Outra (2%).

Bialystok

Polónia (Nordeste)

416

Urbano, densidade media

Carvão (79%), Gás (5.8%), Renovável (7.2%), Hídrica (1%), Outra (6.1%)

Clermont-Auvergne Metropole

[Parceiro Líder]

França (Central)

288

Urbano, densidade media

Nuclear (75%), Hídrica (10%), Gás (7%), Eólica (4%), Carvão (3%), Solar (2%)

Elefsina

Grécia (Oeste de Atenas)

31

Urbano, baixa densidade

Petróleo (49%), Carvão (21%), Gás (19%), Biocombustíveis e Resíduos (6%), Geotérmica, Solar e Eólica (5%)

Galati

Roménia (Leste)

303

Urbano, densidade média

Hídrica (28%), Carvão (27%), Petróleo e Gás (21%), Eólica (14%), Nuclear (6%), Solar (3%)

Metropole Rouen Normandie

França (Noroeste)

490

Urbano, densidade media

Nuclear (75%), Hídrica (10%), Gás (7%), Eólica (4%), Carvão (3%), Solar (2%)

Palma di Montechiaro [Região]

Itália (Região Sul da Sicília)

22

Urbano, baixa densidade

Gás (38%), Petróleo (38%), Renováveis e Resíduos (13%), Carvão (10%) [para Itália]

Tampere

Finlândia (Sudoeste)

237

Urbano, densidade media

Nuclear (33%), CHP (calor 20%), Hídrica (19%), CHP (Indústria 15%), Condensação (12%) Eólica (1%)

A diversidade dos parceiros é aliás um dos pontos fortes do projeto, assegurando que os desafios enfrentados por cidades e regiões, bastante diferentes, para alcançar o estatuto Energia Zero, podem ser avaliados. Assim, por exemplo, imaginemos que um dos parceiros tem uma siderurgia (gerador de carbono) dentro dos seus limites, e outro uma grande floresta urbana (sumidouro de carbono). O perfil das partes interessadas que devem estar envolvidas em cada uma destas cidades é muito diferente. Ter a oportunidade de desenvolver e testar um processo aplicável a ambas as cidades tornará o resultado do projeto mais sólido.

O amplo envolvimento das partes interessadas é essencial

O âmbito ou alcance do projeto URB-EN PACT é vasto. No cerne das preocupações dos parceiros está a forma como a energia é produzida e consumida, pretendendo estes sensibilizar as suas populações para as questões energéticas e desenvolver uma cultura de conservação de energia entre todos os tipos de consumidores (cidadãos e indústria). Tal como a COP21, o URB- EN PACT reconhece que é essencial que haja um "pacto" entre todas as partes interessadas a nível das cidades - uma vez que centrar a atenção num grupo ou área não conduzirá à necessária mudança sustentável.

Os objetivos do URB-EN PACT incluem a redução do consumo de energia tanto pela indústria como pelos cidadãos, bem com a identificação da forma de substituir a geração de energia a partir de combustíveis fósseis por fontes renováveis.  O cabaz de energia de cada cidade deve ser adaptado às suas necessidades e recursos disponíveis. A utilização de soluções inovadoras tais como a geração de biogás a partir de resíduos tem vindo a ser praticada.

O URB-EN PACT também se centrará em atividades que minimizem o nosso impacto ambiental, pelo que a redução das emissões de carbono e os princípios da economia circular serão incluídos no seu âmbito de aplicação.

Embora se tenha realizado logo no início do projeto, a reunião de kick off  ajudou a identificar de imediato áreas de experiência que os parceiros puderam partilhar, nomeadamente, no domínio da iluminação pública de alta eficiência energética, hidrogénio para a mobilidade, comercialização da investigação universitária, produção comunitária de energia, armazenamento de energia, envolvimento dos cidadãos e melhorias no aquecimento urbano. Assim, duas City Visits bastaram para que se desenvolvessem uma série de sugestões para o desenvolvimento de Ações de Pequena Escala.

Envolvimento ativo dos líderes cívicos

O projeto reconhece o papel central que uma forte liderança cívica desempenha na condução da mudança, estando por isso a analisar a forma como os Presidentes de Câmara dos parceiros podem ser envolvidos nele, individual e coletivamente, de uma forma inovadora. O URB-EN PACT começa assim a ganhar forma e promete revelar-se um projeto muito interessante!

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