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As pequenas cidades encontram os seus nichos económicos num mundo competitivo

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22 May 2020
Read time: 4 minutes

Podem as pequenas cidades com uma população inferior a 100 000 habitantes, incluindo as cidades entre 10 000 e 50 000, competir com as suas congéneres de maior dimensão por talentos e investimento?

 

Existem exemplos e boas práticas entre os parceiros, e também de pequenas cidades em toda a Europa, suscetíveis de inspirar novas iniciativas que possam ser examinadas e exploradas no Projeto iPlace?

 

Todas as cidades competem e colaboram. O Programa URBACT desenvolveu métodos comprovadamente eficazes para a colaboração entre cidades, através de projetos bem concebidos e eficientes na criação de mecanismos de análise, aprendizagem e planeamento de ações que promovam um desenvolvimento urbano integrado e sustentável. No seguimento da sua reunião de kick-off, as cidades parceiras do Projeto iPlace estão confiantes que existe potencial para os parceiros aprenderem e desenvolverem novos percursos, especialmente se esses percursos incluírem um exercício de reinvenção dos setores históricos que foram os pilares das suas economias locais no passado.

 

 

A cidade de Amarante em Portugal, lidera o Projecto iPlace, que também inclui Balbriggan (Irlanda), Gabrovo (Bulgária), Grosseto (Itália), Heerlen (Holanda), Kočevje (Eslovénia), Medina del Campo (Espanha), Pärnu (Estónia), Pori (Finlândia) e Saldus (Letónia). Trata-se de uma parceria de pequenas cidades que pretende facilitar a troca de experiências em torno da abordagem dos respetivos desafios, ideias e percursos, com o objetivo de encontrar nichos para um desenvolvimento económico sustentável à escala local.

 

Amarante acolheu uma reunião de kick-off muito bem-sucedida, de 14 a 15 de outubro de 2019, em que todas as cidades parceiras discutiram as potencialidades do projeto e se familiarizaram com o método URBACT e com os requisitos do programa. Acima de tudo, os parceiros aproveitaram a ocasião para se conhecerem melhor com a ajuda de uma boa sessão de karaoke!

 

Fotografia 1: Sessão de Karaoke

 

 

O objetivo do projeto

 

Ao trabalharem juntas em rede durante a Fase de Desenvolvimento do projeto, as cidades parceiras participam num processo de cocriação em cada etapa de uma cooperação de dois anos, num processo que visa aprofundar a compreensão das suas respetivas histórias económicas locais e do seu valor para a atividade económica futura.

 

Existe ainda a expectativa de que o projeto acrescente valor, dando aos parceiros a oportunidade de alargarem o seu conhecimento sobre as tendências globais que terão impacto nas suas cidades, quer como perturbações, quer como novas vias para o crescimento económico. Estas tendências incluem: a mudança radical de economias baseadas na extração de combustíveis fósseis para economias com baixo teor de carbono; o impacto da tecnologia no mundo do trabalho, em particular a capacidade de trabalhar à distância, juntamente com a crescente automatização dos processos de fabrico e serviços; bem como os elementos centrais dos ecossistemas locais que permitem a inovação e apoiam o empreendedorismo.

 

Estas tendências deverão ser confrontadas com a experiência existente em cada cidade parceira. São as suas cidades locais acolhedores para os empresários iniciarem negócios? As infraestruturas e as ligações existentes permitem a deslocalização para as suas cidades? Os seus municípios dispõem de políticas e estratégias para as tornar mais agradáveis, mais acessíveis a pé e menos dependentes do automóvel? As suas cidades são favoráveis à família e a qualidade de vida é um argumento a seu favor? A análise irá capacitar as cidades parceiras para o desenvolvimento de ações durante o projeto, ações estas que irão proporcionar um ambiente favorável à mudança nas atividades económicas existentes, bem como iniciar novas atividades tendo em conta objetivos claros a curto, médio e longo prazo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fotografias 2 e 3: Planeamento do projeto durante a reunião de kick-off

O projeto será uma oportunidade única para cada cidade parceira fazer uma viagem ao seu passado industrial e reexaminar as possibilidades de novas atividades económicas, bem como encontrar sinergias entre as tecnologias tradicionais e contemporâneas. Por exemplo, algumas cidades parceiras têm histórias de empresas locais nas indústrias da madeira e têxtil que foram bem-sucedidas no passado. Será que as novas competências e experiências poderão ser combinadas com esses processos industriais locais de cariz histórico de modo a conduzir à inovação e à criação de novos mercados? As possibilidades serão exploradas nas próximas visitas a cidades, conduzidas pelo Parceiro Líder e pelo Perito Líder.

 

O gráfico seguinte resume o enfoque do projeto. Caberá aos parceiros analisar a história industrial da cidade, tendo em conta a experiência local existente e os imperativos de mudança que o futuro implica, procurando encontrar nichos para um novo desenvolvimento económico local.

 

 

 

O que irá significar o sucesso para os parceiros do projeto

 

O sucesso do projeto ao nível da cidade será evidente quando cada cidade parceira tiver produzido uma estratégia sólida, resultado de um processo com várias fases de desenvolvimento, incluindo: uma análise aprofundada do local e das oportunidades utilizando as melhores ferramentas e técnicas disponíveis; a partilha e aprendizagem de boas práticas com as cidades parceiras; o envolvimento criativo das comunidades locais e das partes interessadas na cocriação, explorando ideias, ouvindo opiniões e compreendendo os desafios locais; o aproveitamento da experiência internacional relacionada com o conhecimento especializado necessário para o projeto, disponibilizado pelo URBACT; e a experimentação de pequenas ações para testar as medidas essenciais que irão formar os alicerces da estratégia.

 

Fotografia 4: Visita à IRIS, Incubadora de Inovação Social em Amarante

 

 

Ao nível do projeto, o sucesso será medido através da realização de um conjunto de atividades coordenadas em rede, em que as cidades parceiras irão utilizar uma série de reuniões transnacionais, organizadas à vez por cada cidade parceira, para: realizar seminários sobre tendências globais; promover boas práticas que demonstrem a capacidade das pequenas cidades para serem competitivas; treinar e desenvolver em conjunto competências e técnicas que permitam fomentar a capacidade das cidades parceiras para libertar respostas criativas nas suas comunidades e grupos empresariais, de modo a enfrentarem os desafios económicos locais; e utilizar o conhecimento coletivo das cidades visitantes para realizar avaliações por pares que ajudem as cidades anfitriãs a ver os seus desafios e oportunidades através de um "novo olhar".

 

Fotografia 5: Foto de grupo na ponte histórica em Amarante

 

 

Em conclusão, o Projeto iPlace pode ser visto como uma viagem, e as cidades parceiras como companheiros de viagem, sempre à procura de encontrar nichos adequados às suas cidades, ao mesmo tempo que aprofundam a sua compreensão das nuances que tornam as respetivas cidades especiais, mas também das dimensões que as tornam semelhantes e determinadas a utilizar o conhecimento que adquiriram para gerar novas ideias que irão fomentar um desenvolvimento económico local mais sustentável.

 

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Texto da autoria de Wessel Badenhorst, submetido a 3 de fevereiro de 2020