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Como estão as cidades URBACT portuguesas a responder à covid-19?

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18 May 2020
Read time: 4 minutes

São várias as cidades portuguesas URBACT a utilizarem, na resposta à covid-19, a capacitação e os conhecimentos adquiridos graças às suas parcerias em redes do programa. Conheça aqui alguns destes casos inspiradores.

Embora cientes de que as cidades URBACT portuguesas têm produzido uma série de respostas eficazes à situação de pandemia, que poderão estar indiretamente relacionadas com a sua experiência em redes URBACT, destacamos aqui apenas algumas que resultam indiscutivelmente da dinâmica e da aprendizagem proporcionadas por determinada rede, de modo direto.

De entre as redes mencionadas, todas, à exceção de uma, são Redes de Transferência, o que se justifica pelo estado mais avançado dos trabalhos destas, sendo que as últimas Redes de Planeamento de Ação apenas passaram à Fase 2 neste mês de maio.

Por outro lado, como veremos, alguns dos “tópicos urbanos” URBACT em que se integram certas redes, bem como as atividades específicas que as suas cidades têm vindo a desenvolver como parceiras, adequam-se inequivocamente à resolução de problemas locais criados ou agravados pelo contexto de confinamento.

Valorizando as ações sociais

A promoção do voluntariado é central para a rede Volunteering Cities, da qual é parceira Arcos de Valdevez. Perante a situação que vivemos, estão criadas as condições para aplicar no terreno os conhecimentos que este município foi adquirindo através do intercâmbio com os parceiros da mesma rede. Assim, a Câmara Municipal relançou a sua campanha de angariação de voluntários para o “Banco Local de Voluntariado”, apelando aos cidadãos a mobilizarem-se na prestação de ajuda a lares de terceira idade ou integrados na rede de apoio aos mais vulneráveis.

O acesso a produtos alimentares também sofreu um abalo considerável, em grande medida devido ao impacto nas suas cadeias de distribuição. Torres Vedras, cidade parceira da rede BioCanteens, reinventou o projeto pedagógico “BioHortas Escolares”, destinado a promover a educação das crianças para uma alimentação saudável e a facultar-lhes conhecimentos de horticultura, passando pelo seu envolvimento na produção de produtos biológicos, através da manutenção de hortas nas escolas. Os produtos destas hortas destinavam-se depois a ser consumidos nas próprias cantinas. Agora, após serem cuidados e colhidos por funcionários das escolas ou das juntas de freguesia, são oferecidos a instituições de solidariedade social ou a famílias carenciadas. Em certas situações, são até confecionadas refeições nas cozinhas das escolas, distribuídas de seguida por quem mais precisa.

A experiência das cidades na participação cidadã tem-se revelado muito importante na rapidez e qualidade das respostas à emergência atual. O caso de Santa Maria da Feira, com historial neste campo e parceira da Rede de Planeamento de Ação Active Citizens, é prova disso. Têm sido desenvolvidas iniciativas cidadãs voluntárias, envolvendo todas as faixas etárias, tais como o projeto “Feira Acolhe, Com o Coração”, que envolve o município e passa pela criação de condições para acolher os filhos dos profissionais de saúde e da Proteção Civil.

Envolvendo as crianças e os jovens

Os jovens e as crianças têm desempenhado papeis chave na resposta à crise atual, o que nos traz de volta ao caso de Santa Maria da Feira, cidade onde os jovens cidadãos, com o apoio da autarquia, rapidamente puseram em marcha iniciativas inovadoras. Por exemplo, a Assembleia das Crianças tem desenvolvido uma campanha nas redes sociais (“E agora, eu preocupo-me…”) centrada na consciencialização e no otimismo. Também os que estão envolvidos no projeto Jovem Autarca criaram um programa transmitido online todas as quintas-feiras – o “QuarenTEEN | Chá das 5 com…” – que consta de entrevistas a jovens personalidades.

Talvez um dos “tópicos” mais afetados pela nova realidade seja o da educação, o que permite à rede ON BOARD servir de rampa de lançamento para iniciativas relevantes neste domínio. Como parceira desta rede, Albergaria-a-Velha respondeu ao desafio com ações que facilitam o acesso dos alunos a recursos importantes para a sua formação. A Biblioteca Municipal adaptou algumas atividades para o acesso online, nomeadamente propondo desafios de leitura, disponibilizando vídeos-visita a exposições e à própria biblioteca e promovendo conversas online com artistas e/ou autores locais. Paralelamente, e para colmatar a falta de equipamentos informáticos para alguns alunos, o município criou um “Banco Municipal de Recursos Digitais”, constituído por doações da comunidade, de equipamentos informáticos não utilizados. O Grupo Local URBACT continua também ativo, reunindo em modo virtual para definir a adaptação e implementação de boas práticas na Educação no âmbito do projeto.

Amarante é cidade parceira da rede BeePathNet, empenhada em fomentar um ambiente saudável partindo das abelhas e da apicultura, promovendo simultaneamente a economia local e projetos educativos. Perante o novo contexto, a cidade portuguesa tem-se mantido ativa através de iniciativas adaptadas, tais como a partilha online de jogos didáticos em torno da temática da rede. Para além disso, durante o mês de maio, em particular no Dia Mundial da Abelha (dia 20), as crianças são incentivadas a expor, nas suas varandas, uma abelha ou outro objeto relacionado com o seu universo, de fabrico caseiro. Foi ainda lançado às famílias o desafio de oferecerem mel às crianças nesse dia pela manhã, partilhando depois online imagens do momento. Nesse dia, as crianças podem ainda assistir à hora do conto, transmitida em streaming por uma companhia de teatro local, valorizando-se assim também a cultura, outro tópico profundamente afetado pelo confinamento das populações.

 Mantendo vivas as iniciativas culturais

Para além de ter adotado várias medidas de apoio social em resposta à situação atual, Viana do Castelo conta com diversas iniciativas de apoio à cultura e aos seus agentes, destacando-se aqui as iniciativas de dois membros do Grupo Local URBACT, no âmbito da rede Playful Paradigm. A Associação Cultural e Artística ArtMatriz continua a promover a socialização através de uma das suas atividades regulares – os jogos de tabuleiro de quarta-feira – utilizando plataformas online. Por seu turno, o Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana foi a primeira companhia nacional a emitir teatro ao vivo, tendo já transmitido 27 espetáculos através das plataformas FaceBook e Youtube, registando cerca de 100 mil espectadores. Viana mantém assim ativas as instituições culturais locais, chamando a população a participar nas suas iniciativas desde casa.

Águeda, outra cidade parceira de uma rede URBACT – C-Change -, cuja temática se centra na contribuição das artes e da cultura para ações no âmbito das alterações climáticas, também não parou as atividades da parceria. Os membros do Grupo Local URBACT têm mantido a sua dinâmica através de reuniões regulares online, que designaram de “teleesplanada C-change Águeda 2020” e onde são partilhadas ideias e boas práticas com enfoque em questões na temática interdisciplinar “ambiente e cultura”, preparando as próximas atividades. 

 

 

 

 

 

Estes são apenas alguns casos nacionais de sucesso, quando, por toda a Europa, várias cidades estão agora, graças à sua participação em redes URBACT, mais capacitadas para responderem eficazmente à situação imprevista de pandemia.

Saiba mais sobre as suas iniciativas consultando o mapa interativo com as respostas de cidades URBACT, no contexto da covid-19. Leia ainda os vários textos publicados sobre o assunto na página URBACT em Portugal.

Texto da autoria de Maria João Matos, com a colaboração de Ana Resende.

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