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Como fica a cooperação quando as cidades não podem encontrar-se?

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28 April 2020
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Um editorial do Secretariado URBACT sobre os impactos, a curto e longo prazo, da crise da Covid-19 na cooperação entre cidades.

À nossa cara comunidade europeia,

Temos enfrentado a crise excecional que assola a Europa e o mundo, durante os últimos meses. Ao lidarmos com uma emergência de saúde pública, vimo-nos obrigados a parar e pensar sobre as nossas ações, as suas consequências e o nosso papel neste mundo. Para a comunidade URBACT, que se baseia em grande medida na aprendizagem entre pares, no intercâmbio e na participação, esta crise está a ter um impacto profundo.

Para as cidades envolvidas nas nossas redes de intercâmbio europeias, é perfeitamente compreensível que, no caso de algumas, os colaboradores tenham sido realocados para lidarem com emergências na linha da frente. Para outras, pode ter mesmo colocado a sua participação em risco, ao serem redirecionados orçamentos e recursos.

Surge uma questão fundamental para o programa: sendo que a essência do URBACT está firmemente ancorada na aproximação das pessoas, nas cidades, entre países, para criar um ambiente de confiança em que desafios e fraquezas podem ser partilhados num espaço seguro e estimulante… o que acontece quando essa necessidade fundamental de encontro se torna subitamente inviável?

As respostas e reações de que temos sido testemunhas, de colegas do Secretariado URBACT, dos Pontos URBACT Nacionais e das próprias cidades, têm sido arrebatadoramente positivas. A solidariedade europeia é necessária agora, mais do que nunca. A partilha de conhecimento e experiência é necessária agora, mais do que nunca. Mesmo que não possamos continuar como dantes, preservar esse espaço seguro para aprender é necessário agora, mais do que nunca.

E, assim, vimos cidades a darem o salto digital – pertencendo agora a transição digital ao tempo do “antes” – realizando reuniões transnacionais através de uma miríade de ferramentas online, com as quais se tornam rapidamente familiares, usando a sua experiência URBACT para lidarem com os seus próprios novos desafios. É uma honra podermos contribuir para dar destaque a algumas destas ações no nosso mapa interativo.

O Secretariado URBACT também foi desalojado do seu espaço coletivo de trabalho conjunto. Enfrentando, seja as dificuldades da solidão, seja os desafios de viver, trabalhar e apoiar a “escola em casa” num espaço confinado, e mais tudo o resto, temos vindo a reagir, a adaptarmo-nos, mas também a propor novas atividades para acompanhar as cidades. Fiéis aos nossos princípios de ouvir as necessidades das cidades e desenvolvendo respostas à medida.

Revimos a calendarização dos projetos a fim de disponibilizar tempo extra para que se possam concluir as atividades de partilha e aprendizagem (https://urbact.eu/urbact-measures-face-covid-19). Estamos a testar novas ferramentas e a adaptar as existentes para a colaboração online, o encontro e a discussão. A abordagem URBACT sempre se orientou no sentido de dar o bom exemplo relativamente às mudanças que gostaríamos de ver, e isso não mudou. Embora estejamos no mesmo difícil processo de aprendizagem, estamos confiantes que, junto com as cidades, iremos encontrar novas e inovadoras maneiras de trabalhar.

Com a adrenalina da reação e da reorganização a começar a esbater-se, estamos conscientes de que não haverá um regresso ao “normal” para breve. Como programa dedicado a melhorar a definição de políticas e as práticas nas cidades em prol do desenvolvimento sustentável, devemos aproveitar esta oportunidade para ajudar no processo de reconstrução que se avizinha, numa nova direção – a de uma definição de políticas mais integradas, em cujos planeamento e execução os cidadãos estejam envolvidos, que tomem em consideração a emergência climática tão seriamente como esta emergência sanitária.

Nas próximas semanas, os nossos Peritos do Programa irão produzir uma série de peças mais reflexivas, olhando para as implicações na definição de políticas no longo-prazo e para como terá impacto a crise sanitária nos desafios ambientais, na alimentação, na pobreza urbana e na recuperação económica.

E, naturalmente, esta reflexão tem vindo a alimentar os preparativos para o Programa URBACT IV (2021-2027).  De que formas de cooperação irão as cidades necessitar mais à frente? Como poderão o URBACT e as outras iniciativas ao nível europeu ser mais coerentes para as cidades, ajudando-as a lidar com os desafios que todos enfrentamos?

O caminho a seguir pode ainda não ser claro, mas é claro que as cidades mantêm o desejo de cooperação e que o URBACT estará ao seu lado, conduzindo a mudança.