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Maratona das Transferências – um evento de partilha a recordar!

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29 April 2021
Read time: 8 minutes

No dia 4 de março, o Ponto URBACT Nacional levou a cabo a Maratona das Transferências, um Evento Nacional de Partilha que juntou os 17 parceiros portugueses num evento online, em que experiências e resultados da sua participação em Redes de Transferência URBACT foram partilhados entre todos e com a audiência

A maratona foi uma oportunidade para os parceiros apresentarem, a nível nacional e regional, aquilo que aprenderam no trabalho realizado com os seus pares europeus e de chegarem a mais cidades com o exemplo da transferência das suas boas práticas. Foi, ainda, o momento de vivenciarem os sucessos e dificuldades por que passaram e proporem soluções. O evento contou com cerca de 300 inscrições, entre técnicos da administração local, agentes urbanos, investigadores e membros dos Grupos Locais URBACT (ULG) dos projetos em apreço.

Os peritos URBACT Maria João Rauch e Miguel Sousa conduziram virtualmente uma viagem através do país ao encontro dos parceiros que, através dos seus vídeos animados e participação em mesas redondas temáticas, foram os players principais desta maratona organizada em 4 sessões que cobrem os 5 tópicos URBACT no desenvolvimento urbano sustentável: Ambiente, Inclusão, Governança, Desenvolvimento Urbano Físico e Economia.

Cada sessão temática teve a duração de uma hora. O moderador começou por fazer uma introdução ao tema, chamando a atenção da audiência para o trabalho desenvolvido pelas cidades durante a implementação dos projetos, a que se seguiu um vídeo com momentos únicos da sua participação nas redes. Tratou-se de uma fantástica ilustração do trabalho realizado e dos expressivos resultados alcançados, partilhados pela vasta comunidade de cidades que participaram no evento.

Vamos então saber o que os peritos têm para nos dizer sobre o decurso das sessões.

Maria João Rauch, Perita URBACT:

´Tive o prazer de ser um dos moderadores. Os meus 2 painéis temáticos focaram-se no Ambiente e Governança. Na primeira sessão foi destacada a importância do tema relacionado com as alterações climáticas e com a localização dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). No caso da Governança, foi salientada a importância crucial de modelos de governança adequados, ou seja, participativos,bottom up e transparentes´.

Algumas citações do debate em resposta à seguinte questão: “Que impactos as cidades registaram e que perspetivas têm relativamente à sustentabilidade?”

Sessão 1. Ambiente, com a participação dos seguintes projetos e cidades:

Ana Lírio, Coordenadora ULG do Projeto BeePathNet: ´Julgamos que a cidade está mais amiga das abelhas e do ambiente. Isto foi possível devido aos programas educacionais que dirigimos a vários níveis de ensino, desmistificando o medo das abelhas ao adotar o princípio: as abelhas não fazem mal, fazem mel! O setor do turismo tem criado diversos produtos, que incluem alguns percursos pedonais com base na tradição cultural de Amarante nas abelhas. Por fim, vai ser criado o Centro Interpretativo do Mel, na Serra do Marão, o que, somado às demais iniciativas, assegura a sustentabilidade dos resultados. ´

Dalila Sepúlveda, Coordenadora do Projeto Tropa Verde:´O sistema de acumulação de estrelas obtido pelos cidadãos através de comportamentos ambientalmente amigáveis permite-lhes beneficiar dos diferentes serviços municipais ao utilizar essas estrelas. A aceitação do comércio local foi surpreendente e mostrou haver um grande comprometimento com o desenvolvimento sustentável. O sistema está a ser estendido às autoridades locais, escolas e empresas de modo a conseguir-se uma integração mais ampla. ´

Célia Laranjeira, Coordenadora do Projeto C-CHANGE: ´O uso de técnicas de comunicação inovadoras, baseadas na cultura e artes, trouxe um acréscimo de consciencialização no que se refere à necessidade de tratamento dos resíduos e de redução de emissões. Vinte e cinco agentes locais do setor da cultura associaram-se ao projeto e criaram uma tele-esplanada virtual. Foi ainda lançado um concurso de ideias para promoção de agentes de mudança. ´

Laura Rodrigues, Coordenadora do Projeto BioCanteens: ´O projeto permitiu manter uma relação próxima com os produtores biológicos locais e garantir, desta forma, o fornecimento de alimentos saudáveis às cantinas escolares. Estas ações também aumentam a consciencialização, visto que os produtos consumidos pelos alunos estão rotulados como biológicos e as crianças levam para casa as suas experiências, influenciando positivamente as suas famílias. ´

Sessão 3. Governança, com a participação dos seguintes projetos e cidades:

 

Maria do Céu Andrade, Coordenadora do Projeto Innovato-R: ´Tendo um amplo sistema de eco inovação, o Porto percebeu que também deveria promover a criatividade e o potencial dos seus próprios colaboradores. O envolvimento de milhares de funcionários que se sentiram valorizados criou um espírito de pertença e estimulou a motivação, melhorando a qualidade do trabalho´.

Catarina Mendes, Coordenadora do Projeto ON BOARD: ´A qualidade da Educação, em todos os níveis de ensino, é baseada na cooperação de vários atores, numa rede local. Para aumentar o sucesso do processo de aprendizagem, foram introduzidos novos tipos de programas que estimularam a curiosidade e o interesse dos jovens. Um dos exemplos é o “Programa com Neurociência” que teve um grande sucesso´.

André Cester Costa, Coordenador do Projeto Card4All: ´O projeto permitiu a definição precisa de um Cartão Municipal, alicerçado numa plataforma tecnológica, que vai proporcionar a sua utilização por todos os tipos de serviços municipais. Este cartão irá integrar os cartões verticais já existentes e irá beneficiar a vida dos cidadãos´.

 

Marlene Marques, Coordenadora ULG do Projeto RU:RBAN: ´A comunidade de hortas urbanas implementou um modelo de governança partilhado e participativo, que proporciona um espírito comunitário e um importante grau de integração entre todos os membros da comunidade. O sucesso do modelo levou a autarquia a desenvolver um novo regulamento de forma a garantir a correspondente sustentabilidade´.

José António Lopes, Coordenador ULG do Projeto Re-growCity: ´Os espaços vazios e o declínio demográfico têm que ser enfrentados com medidas inovadoras que revitalizem a cidade. A autarquia emprestou espaços comerciais a empresários com boas ideias, estimulando o empreendedorismo e revitalizando a cidade. Com o empoderamento de todos os envolvidos, há uma mudança de mentalidades que está a florescer´.

 

Miguel Sousa, Perito URBACT:

´Eu tive o prazer de me juntar à maratona e moderei os 2 painéis temáticos seguintes: Inclusão e Desenvolvimento Urbano Físico & Economia. O desafio das cidades da coesão que promovem a inclusão é garantir o crescimento económico, reduzindo as desigualdades e encontrando ferramentas novas e criativas para alcançá-lo. As cidades precisam de abordagens integradas para o desenvolvimento urbano que incentivem o crescimento e o emprego em toda a Europa. As economias locais são a força motriz do crescimento e os ecossistemas locais produzem resultados que podem transformar as cidades´.

O debate foi orientado para uma discussão aberta sobre o impacto das boas práticas nas suas cidades e sobre a sustentabilidade dessas boas práticas, agora que os projetos estão a chegar ao fim. Além disso, foram solicitadas recomendações para outras cidades portuguesas que gostariam de aderir às Redes de Transferência URBACT no futuro.

Algumas citações retiradas do debate:

Sessão 2. Inclusão, com a participação dos seguintes projetos e cidades:

 

 

 

 

 

 

 

 

Emília Cerdeira, Coordenadora do Projeto Volunteering Cities: ´O trabalho realizado com a população idosa e com os jovens da nossa cidade irá permanecer e irá inspirar iniciativas futuras´.

 

 

Júlia Mendes, Membro ULG do Projeto ONSTAGE: ´Fizemos 19 reuniões do Grupo Local com stakeholders motivados durante todo o tempo de vida do projeto...

 

 

Patrícia Ribeiro, Coordenadora transnacional do Projeto Rumourless Cities: ´Nós, como parceiro-líder, aprendemos muito com as cidades parceiras, portanto, tratou-se de uma experiência de dar e receber´.

 

Carlota Borges, Coordenadora do Projeto Playful Paradigm: ´As visitas transnacionais a cidades parceiras foram momentos transformadores para nós…´

 

 

Sessão 4. Desenvolvimento Urbano Físico & Economia, com a participação dos seguintes projetos e cidades:

 

 

 

 

 

 

 

 

Miguel Melo Bandeira, Coordenador do Projeto Urban Regeneration Mix: ´O empoderamento político desde o início do projeto foi o fator chave para o seu sucesso´.

 

Miguel Correia de Brito, Coordenador do Projeto com.unity.lab: ´A situação pandémica não causou um grande impacto no nosso projeto, porque utilizámos ferramentas digitais que nos ajudaram a mudar as atividades previstas para atividades online e, dessa forma, conseguirmos manter o projeto em andamento´.

 

Margarida Bento Pinto, Coordenadora do Projeto BluAct: ´O envolvimento dos stakeholders locais irá permanecer após a conclusão do projeto´.

 

 

Vítor Moreira, Coordenador do Projeto Making Spend Matter: ´Hoje somos uma Europa de cidades e ter as cidades a partilhar conhecimento não tem preço´.

 

 

No final das sessões, foram partilhados alguns tópicos com a audiência:

»»» A metodologia usada nas Redes de Transferência URBACT demonstrou ser eficiente para a aprendizagem mútua entre as cidades.

»»» Todas as cidades deixaram claro que a chave para uma transferência bem-sucedida das boas práticas era contextualizá-las, ou seja, garantir um certo grau de semelhança no que diz respeito às pré-condições geográficas, socioeconómicas e institucionais das cidades participantes.

»»» Foi enfatizada a integração dos resultados do projeto com os planos existentes na cidade como um passo fundamental para garantir a sustentabilidade das boas práticas após a conclusão do projeto.

»»» Foi destacada a relevância dos encontros transnacionais e da aprendizagem gerada pelo trabalho em conjunto com cidades de diferentes regiões da Europa.

»»» Foi claramente afirmado por todas as cidades que o ULG foi um fator-chave de sucesso para garantir uma maior sustentabilidade das boas práticas transferidas. A diversidade de membros permite enfrentar problemas complexos. A dinâmica criada favorece uma maior coordenação das intervenções permitindo uma melhor utilização dos recursos.

»»» A evidência do empenho político foi um fator facilitador para o sucesso da transferência e para a criação de condições para soluções inovadoras. Para ter esse compromisso político, é fundamental que o projeto esteja alinhado com as prioridades de política da cidade.

»»» O alto grau de integração entre as diferentes partes interessadas aumentou o nível de participação, alargando progressivamente o número de parceiros e o âmbito da ação.

»»» A integração ao nível das políticas é também um princípio relevante no seio do URBACT e os projetos mostraram a necessidade de encontrar soluções eficazes para os desafios multidimensionais.

»»» O entusiasmo em relação ao Método URBACT e os resultados que foi possível alcançar através dele, mostraram uma grande vontade de continuar e aumentar ainda mais o seu impacto. O URBACT leva ao necessário “Ecossistema da cidade com participação global”.

»»» Tendo em consideração o grande sucesso que o URBACT tem trazido ao desenvolvimento das cidades e respetivos modelos de governança, ilustrado pelo crescente interesse das cidades portuguesas, os Fundos “Next Generation” deverão continuar a contemplar este tipo de iniciativas, bem como o potencial escalonamento e ampliação dos fatores de sucesso.

»»» Por fim, quando questionadas se recomendariam outras cidades a participarem no URBACT, as cidades deram uma resposta clara e entusiástica sobre a experiência única de trabalhar neste programa.

 

Temas de homepage: Ambiente, Inclusão, Governança, Desenvolvimento Urbano Físico e Economia

Texto da autoria de Maria João Rauch e Miguel Sousa, Peritos URBACT, com a colaboração de Ana Resende e Maria João Matos, NUP Portugal