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Introdução à Rede de Planeamento de Ação Resourceful Cities: conduzindo a transição centrada nos cidadãos e baseada nos recursos, em cidades Europeias

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01 April 2020
Read time: 6 minutes

Um projeto de economia circular centrado no cidadão que marca a diferença, o conceito de Resourceful Cities foi idealizado por Haia e Oslo, resultante da sua participação na parceria “Economia Circular” da Agenda Urbana para a União Europeia. O projeto foi desenvolvido para implementar uma das doze ações no âmbito desta parceria da Agenda Urbana – nomeadamente a ação "Promote Urban Resource Centres for waste prevention, re-use and recycling".

Liderado pela cidade de Haia, o consórcio Resourceful Cities é constituído por dez parceiros, representando um vasto âmbito geográfico e diversidade de contextos na Europa. As cidades parceiras são Oslo (NO), Zagrebe (HR), Vila Nova de Famalicão (PT), Cáceres (ES), Opole (PL), Patras (EL), Ciudad Real (ES), Bucareste (RO) e Mechelen (BE).

Os parceiros juntaram-se pela primeira vez na reunião de kick off em Haia nos dias 3 e 4 de outubro. Juntos, irão passar por um extenso programa facilitador de intercâmbio e de aprendizagem transnacionais, bem como pela cocriação participativa ao nível local, até abril de 2022, de modo a desenvolverem Planos de Ação Integrada (IAPs) detalhados e feitos à medida para cada cidade parceira. Os IAPs focar-se-ão na transição para a economia circular no enquadramento do Centro de Recursos Urbanos.

FOTO 1: Os parceiros juntaram-se pela primeira vez na reunião de kick off da rede em Haia, a 3 e 4 de outubro

O que é exatamente um Centro de Recursos Urbanos?

Um Centro de Recursos Urbanos pode ser definido como um espaço físico usado para promover a reparação, a reutilização e a reciclagem (uma economia circular) ao nível local. Estes centros podem ser espaços multifuncionais, onde é corretamente implementada a hierarquia dos resíduos e são destacadas as funções sociais, ambientais e económicas da economia circular.

Os exemplos podem variar entre espaços comunitários onde os cidadãos podem usufruir de roupa em segunda mão, produtos em segunda mão e serviços de reparação (Lindeberg mini-recycling station, Oslo) e espaços com enfoque na formação (Made in Moerwijk , Haia) ou desenvolvimento, incubação & inovação de novos negócios circulares (Vollebekk Factories, Oslo). Seja qual for o enfoque específico local, os Centros de Recursos Urbanos reúnem uma vasta comunidade de partes interessadas, promovendo o consumo circular, a prevenção de desperdício, a reutilização e a gestão circular de recursos.

Usando o conceito de Centro de Recursos Urbanos como quadro comum, as cidades parceiras irão trabalhar em conjunto e aprender umas com as outras como desenvolver soluções à medida para desafios comuns relacionados com a aceleração da economia circular e a eficiência de recursos aos níveis do bairro, da cidade e transnacional.

FOTO 2: A entrada do De Potterij, uma antiga lavandaria em Mechelen, que será em brevetransformada num hub para start-ups de economia circular criativa

Porque é que isto é importante?

Enquanto o aumento da disponibilidade e da acessibilidade a uma vasta variedade de produtos contribuiu para a melhoria do nível e da qualidade de vida na Europa, simultaneamente resultou numa excessiva extração de recursos e pressão crescente nos recursos naturais e no clima. A ligação direta entre estas pressões intensas e insustentáveis e o nosso insaciável apetite por novos produtos é largamente subvalorizada. Esta falta de consciencialização sobre o verdadeiro custo dos nossos hábitos de consumo será um dos desafios-chave abordados por esta rede.

As abordagens locais a iniciativas na prevenção de resíduos, na reutilização e na reciclagem são muito variáveis entre Países europeus. Algumas cidades estão a trabalhar ativamente na promoção da prevenção, reutilização e reparação. No entanto, em muitas outras cidades a prevenção de resíduos e a reutilização têm sido, tradicionalmente, consideradas como estando para além das obrigações dos agentes locais de gestão de resíduos e os serviços de recolha de resíduos orientados para a procura são ainda a norma. Deste modo, muitas autoridades locais de gestão de resíduos carecem do conhecimento e das competências requeridos neste campo para avançarem para um sistema de gestão mais proativo. Os parceiros irão trabalhar em conjunto através de atividades em rede para preencherem estas lacunas de conhecimento e capacitação.

Tradicionalmente, as cidades trabalham com grandes estações de reciclagem localizadas na periferia das áreas urbanas. Frequentemente, apenas são acessíveis de automóvel e muitas não oferecem alternativas ao direcionamento dos resíduos para reciclagem, incineração ou aterro, mesmo quando a qualidade dos recursos justificaria a viabilidade de outras opções. Esta tendência está a mudar. As cidades estão a crescer, a terra está a tornar-se escassa e os cidadãos exigem serviços facilmente acessíveis. A questão a explorar durante as atividades da rede, através de um processo de descoberta facilitador, será o modo como as cidades poderão desenvolver serviços que encaixem na prioridade da hierarquia de resíduos, promovendo a economia circular e também convidando cidadãos, novos negócios e start-ups para cocriarem novas maneiras de fechar os ciclos de recursos ao nível local.

FOTO 3: Impressão de artista sobre os objetivos definidos na reunião de kick off. Crédito: Hugo Seriese, ‘Buro Brand’.

Apesar de a rede ter agora arrancado, algumas das principais oportunidades já se tornaram claras. Em primeiro lugar, as cidades parceiras dispõem de muitos e diversos recursos ainda por explorar. Estes poderão perder-se se as cidades não agirem rapidamente, falhando também a oportunidade de conduzir uma mudança sistémica nestas cidades para se atingir um novo e criativo modelo económico. Estes recursos são simultaneamente tangíveis e intangíveis e extremamente valiosos na sua origem territorial única. Podem incluir espaços físicos não utilizados, produtos, competências humanas inexploradas, entusiasmo e conhecimento. Para além do mais, as cidades estão repletas de bairros com diversas necessidades sociais não satisfeitas. Estas podem constituir poderosos fatores de transição. As cidades e os seus bairros têm a sua história, uma linguagem e estórias próprias para contar. O Centro de Recursos Urbanos pode providenciar um enquadramento importante para aproveitar estes recursos através da disponibilização de espaços locais feitos à medida para a cocriação, a participação e a integração cidadãs, bem como para o desenvolvimento baseado em valores.

Quem estará envolvido?

A transição para um novo sistema socioeconómico sustentável e circular irá exigir esforços colaborativos a vários níveis. As cidades vão necessitar de desenvolver serviços que possam simultaneamente facilitar e estimular estilos de vida sustentáveis. Já existem por toda a Europa numerosas iniciativas locais interessantes que apoiam o consumo e a produção sustentáveis. Contudo, é necessário que estas sejam ampliadas e que o desenvolvimento do empreendedorismo verde seja apoiado. As cidades, com a sua massa crítica de população, devem trabalhar para a promoção de mais eco-design e eco-inovação. A significativa procura de mercado para estes novos processos de produção e sistemas de consumo iniciados à escala da cidade são essenciais se quisermos facilitar maior eficiência de recursos e a prevalência de um comportamento de consumo sustentável. Isto exige cooperação entre parceiros de organizações públicas, privadas, académicas e cidadãs.

Os parceiros da rede Resourceful Cities reconhecem o valor social generalizado que pode ser ganho através da exploração dos recursos locais e da monitorização rápida desta transição. Desde as crescentes igualdade e resiliência nos sistemas socioeconómicos até à promoção de criação de emprego e competitividade, estas cidades estão entusiasmadas com a variedade de benefícios que podem ser incrementados pelas suas ações no contexto desta rede. Mesmo com o enfoque na redução, reutilização e reciclagem de resíduos, os benefícios evidentes incluem a consequente redução nas emissões de carbono, nos resíduos e noutras formas de poluição. Não obstante, esta rede sabe que pode facultar aos seus cidadãos outros benefícios sociais, económicos e ambientais de longo alcance, que vão para além da sua intenção inicial de redução, reutilização e reciclagem de resíduos.

Está interessado? Porque não juntar-se a nós nesta entusiasmante jornada de transição! A rede Resourceful Cities prospera através da colaboração e da partilha de ideias! Siga-nos no twitter @ResourcefulCit1 para se manter atualizado sobre as atividades do projeto.

Contas Twitter: @eclane08 @MadeInMoerwijk @CityOfTheHague @Oslokommune @StadMechelen @MiastoOpole @CMVNFamalicao @Ayto_Caceres @City Patras @City_Of_Zagreb @cityofbucharest @AYTO_CIUDADREAL @EUUrbanAgenda @jaynavarroovie1 @jhpost

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Texto de Eileen Crowley apresentado a 27 de janeiro de 2020