You are here

A importância do princípio de parceria em projetos de cooperação transnacional. O ‘Gen-Y City’

Edited on

20 April 2017
Read time: 3 minutes

Numa economia cada vez mais integrada e globalizada, as cidades têm vindo a adquirir uma crescente importância, tanto na literatura quanto nas políticas de desenvolvimento. Num mundo em que as bases do desenvolvimento económico são cada vez mais competitivas e globais, a inovação e o conhecimento fazem com que os fatores de produção tradicionais já não ofereçam vantagens competitivas duradouras ou sustentáveis. Justamente por isso, o conhecimento e a capacidade de inovação que dele deriva são atualmente os dois fatores-chave da competitividade, expressa em processos de concentração ou de especialização territorial da atividade económica, os quais podem explicar-se tanto pelo caráter localizado do conhecimento, quanto dos efeitos derivados das economias de aglomeração.

Neste contexto, responsáveis políticos e académicos parecem ter aderido fortemente às novas oportunidades abertas pelo conhecimento (tácito e codificado) e pela inovação, nomeadamente, no âmbito das indústrias culturais e criativas (ICC), as quais podem contribuir para a regeneração urbana e para o crescimento económico das cidades.

Quando pensamos em cooperação entre países, regiões ou cidades, não podemos omitir o elevado papel que o ‘princípio de parceria’ representa no acréscimo das possibilidades de uma implementação e gestão bem-sucedidas dos programas/projetos cofinanciados pela União Europeia. E isto significa que os parceiros devem garantir que a aprendizagem conjunta seja usada regularmente no ajustamento dos planos e das estratégias para reforçar os impactos das ações.

 

Não obstante as evidências em relação ao ‘valor acrescentado’ – tangível e intangível – das parcerias continuarem a não ser consensuais, a cidade de Coimbra aspira a ter um impacto positivo significativo no projeto Gen-Y City e acredita que é somente através dos esforços coletivos de muitos atores que esse objetivo pode ser alcançado. E, por isso, continuamos a criar as condições e as estruturas necessárias para que o desenvolvimento local centrado nos jovens e nas ICC seja duradouro e sustentável, designadamente, através de uma associação diversificada de atores e agentes conectados por diferentes tipos de relações a vários níveis e distintos graus de intensidade, e por uma diversidade de atividades cooperativas capazes de dinamizar ativamente os recursos dos lugares e de absorver e explorar os spillovers de conhecimento (internos e externos).

A escassa atenção dedicada à dimensão horizontal da parceria leva-nos a formular duas questões:

  • É suficiente aplicar formalmente o princípio de parceria ou soluções de trabalho em rede entre diversos atores para garantir a eficácia do Gen-Y City?
  • Como implementar e gerir o Gen-Y City para que os seus impactos territoriais reflitam as prioridades e os objetivos inicialmente formulados?

Como parte das nossas reflexões sobre estas e outras questões, consideramos que o nosso maior contributo para que o Gen-Y City seja um projeto bem-sucedido consiste no ‘valor acrescentado’ que lhe possamos introduzir, no sentido de:

  1. reforçar o trabalho em rede para resolver problemas comuns;
  2. apoiar o reforço da capacidade organizacional e institucional internas;
  3. gerar e partilhar conhecimentos entre os parceiros;
  4. promover soluções inovadoras de trabalho que possam ser transferidas para outros contextos e escalas.

Em todos os níveis de autoridade, a parceria tornou-se um instrumento recorrente na procura de uma colaboração mais ativa, envolvendo formas de governança ‘ascendente’ e ‘descendente’ para garantir uma maior eficácia e legitimidade das políticas. Considerada por vezes uma panaceia, ao invés de um instrumento para ser prontamente usado na prática diária, a parceria apresenta uma miríade de definições, interpretações e aplicações práticas.

Apesar disso, o envolvimento da cidade de Coimbra no projeto Gen-Y City funda-se em duas ideias principais:

  1. A parceria não é um potencial direto de vantagem colaborativa. Assim, para que esse potencial possa ser alcançado, os diversos conhecimentos, experiências e competências que cada parceiro traz para dentro do projeto devem ser valorizados e reconhecidos como essenciais para garantir o sucesso e a sustentabilidade dos esforços conjuntos.
  2. A parceria não é uma solução simples, mas um instrumento que permite criar sinergias de realização de metas e objetivos comuns, que serão potencialmente maiores do que as que podem ser alcançadas por parceiros que atuam isoladamente.

Neste contexto, as parcerias são por nós entendidas como a expressão material de relações mutuamente capacitantes, focadas no crescimento mútuo, no desenvolvimento organizacional, no fortalecimento institucional e, acima de tudo, na obtenção de impactos. Além disso, acreditamos que os programas implementados em parceria permitem uma participação acrescida e um melhor investimento nos jovens.

Em função deste entendimento, importa perguntar: quais os principais contributos do projeto Gen-Y City para a criação, revitalização e intensificação dos vínculos entre a administração da cidade e os jovens?

De modo breve, poderemos apontar os seguintes contributos:

  • melhoria da perceção de uma imagem positiva da cidade (interna e externamente);
  • identificação de potenciais territórios e desafios futuros;
  • promoção de uma visão comum e sustentável para o futuro da comunidade;
  • melhoria da atratividade da cidade para a criação de mais e melhores empregos;
  • promoção e exploração do potencial das ICC;
  • incentivo ao financiamento privado das atividades de investigação e desenvolvimento e inovação;
  • reforço de formas inovadoras de trabalho em rede, gestão colaborativa e cooperação horizontal.

 

Com base na identificação destes contributos, a participação da cidade de Coimbra no projeto Gen-Y City apoia-se num conjunto de princípios que asseguram a sua qualidade de trabalho, entre os quais:

  1. Visão e valores partilhados entre os diferentes atores e agentes.
  2. Valor acrescido dos intercâmbios de conhecimento e complementaridade de fins.
  3. Autonomia na capacidade de produzir, disseminar e explorar conhecimentos.
  4. Compromisso com as aprendizagens conjuntas.
  5. Transparência e responsabilidade mútua.
  6. Clareza de papéis a desempenhar e de responsabilidades a partilhar.

Longe de desenhar um quadro completo sobre o envolvimento da cidade de Coimbra no projeto Gen-Y City, o objetivo deste artigo consiste em situar o nosso entendimento e posicionamento em relação às diferentes formas e potencialidades da parceria, na medida em que a interpretação que cada cidade atribui à realização de parcerias em diferentes práticas e níveis de integração é distinto.

Texto da autoria da equipa da cidade de Coimbra

Etiqueta de homepage: Economia