Em Valongo aposta-se na arte como forma de inclusão
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03 July 2020A ONSTAGE: Music Schools for Social Change é uma rede de 7 cidades que propõe uma abordagem inovadora em matéria de arte como uma forma de inclusão e promoção do sucesso educativo, construindo uma política urbana integrada.
A ONSTAGE visa a transferência da boa-prática URBACT de L’Hospitalet para outras cidades, tendo como desafiantes objetivos a transferência a três níveis:
»»» Formular políticas estruturais/integradas ao nível do planeamento nas vertentes cultural e educativa, enquanto elementos centrais na regeneração urbana e na inclusão;
»»» Usar recursos da comunidade e métodos participativos para a formulação de políticas, que abranjam as necessidades de grupos vulneráveis e identifiquem formas de exclusão que possam ser colmatadas através das artes;
»»» Transformar as escolas de música e artes em locais mais acessíveis, fomentando uma verdadeira democratização da cultura.
A parceria
A parceria é liderada pela Escola Municipal de Música Centro de Artes de L’Hospitalet (ES) e conta com uma rede de parceiros das seguintes cidades europeias: Aarhus (DK), Brno (CZ), Katowice (PL), Adelfia (IT), Valongo (PT), e Grigny (FR).
Valongo: o início (quase do zero)
Valongo é uma boa prática URBACT no que diz respeito à inclusão. A ´Biblioteca Humana´ foi reconhecida como boa prática em 2017, tendo sido apresentada no Festival da Cidade URBACT, em Tallin.
O convite para integrar uma Rede de Transferência tão desafiante como a ONSTAGE foi recebido com entusiasmo mas também com alguma apreensão, uma vez que todas as outras cidades tinham já uma boa prática na área cultural e Valongo, apesar de ter muita experiência na área cultural, não possuía uma política tão integrada.
O município convidou várias instituições do território das áreas sociais, culturais e educativas para trabalharem em conjunto, tendo-se criado um Grupo URBACT Local (ULG) entusiástico e diverso. Os primeiros meses foram dedicados à definição do público-alvo, criação de objetivos comuns e um plano de ação.
A primeira grande decisão foi trabalhar as questões de inclusão com jovens NEET ou em risco de se tornarem NEETs (nem em formação nem em emprego).
Uma viagem de descoberta
O ano de 2019 foi dedicado a explorar e reunir informação, tendo por base três objetivos principais:
1) Compreender as necessidades e os recursos existentes no território e a recetividade das artes performativas por jovens.
A primeira prioridade foi compreender e quantificar o número de jovens NEET ou em risco de se transformarem em NEET, no território, tendo sido efetuados questionários a entidades com interesse e envolvimento nesta questão. Ao mesmo tempo tentou-se mapear as práticas culturais existentes no território no que diz respeito às artes performativas.
Também foi executada uma ação experimental, durante a Expoval, a mostra de atividades económicas do concelho de Valongo, que reúne milhares de pessoas. Foram oferecidos aos jovens (o que incluiu jovens em risco de se tornarem NEET) workshops de teatro, circo, música e hip hop.
2) Conhecer as organizações que integram o ULG, especialmente as culturais.
De forma a compreender aquilo que pode ser feito, investiu-se tempo em visitas a organizações culturais que integram o ULG mas também a boas práticas locais e nacionais.
3) Criar oportunidades para discussão com peritos e descobrir novas possibilidades para a ação.
Foram implementadas quatro sessões públicas (3 em formato habitual e 1 em formato digital, já em tempos pandémicos). Peritos/as da academia, boas práticas do território e de outros territórios e pessoas com experiência prática de terreno foram convidadas a discutir com o ULG e com todas as pessoas que a nós se quiseram juntar.
Durante os próximos meses continuaremos a nossa jornada de descoberta e reinvenção. Estamos ainda a compreender como nos podemos adaptar: mais eventos online, novos materiais. No entanto, assim que alguma normalidade seja atingida, novas ações experimentais, visitas e sessões públicas estão já planeadas para serem levadas a cabo. A procura de fontes de financiamento que permitam a continuidade do projeto após o término desta fase de aprendizagem e adaptação é igualmente uma das prioridades.
Texto da autoria de Marta Costa, Project Coordinator da rede ONSTAGE
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