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“Seja um viajante, não um turista”. Conheça a Rede de Planeamento de Ação Tourism Friendly Cities

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09 November 2020
Read time: 3 minutes

"Recebo com prazer no meu restaurante os viajantes, não os turistas. Pessoas curiosas e respeitadoras do estilo de vida local, que apreciam que a ementa diária depende dos produtos frescos disponíveis localmente e que fazem alguma pesquisa antes da visita" - Fausto Cavanna, proprietário, La Taverna di Colombo, Génova (Itália)

Dez cidades iniciaram uma nova jornada para trabalharem em conjunto na promoção de um turismo sustentável e do desenvolvimento urbano integrado no âmbito da Rede de Planeamento de Ação URBACT Tourism Friendly Cities. Confrontada com um dos temas mais candentes da atualidade, a cidade de Génova (IT) tem a difícil tarefa de liderar esta nova rede URBACT que procura harmonizar as realidades vividas pelos residentes, autoridades locais, indústria do turismo e turistas. Os dez parceiros - Génova (parceiro líder), Braga (PT), Cáceres (ES), Druskininkai (LT), Agência de Desenvolvimento de Dubrovnik (HR), Dun Laoghaire Rathdown (IE), Cracóvia (PL), Rovaniemi (FI), Utrecht (NL) e Veneza (IT) - irão explorar modelos inovadores de governança e de ação para captar as dimensões social, ambiental e económica do turismo.

Fausto Cavanna, o proprietário do restaurante La Taverna di Colombo em Génova (Itália), explicando à rede Tourism Friendly Cities as suas aspirações para o turismo sustentável.

Porquê o turismo?

A indústria do turismo é uma das mais importantes da nossa era. O turismo, as viagens e setores conexos representam 10,3% do PIB na UE e 11,7% do emprego total: a nível mundial, a Europa registou o segundo maior aumento, com 671,1 milhões de chegadas internacionais no ano passado (51% do número de chegadas de turistas internacionais a nível mundial), um aumento de 8% face ao ano anterior. Um estudo de longo prazo da Organização Mundial do Turismo (OMT) prevê um crescimento do turismo na Europa, para um número estimado de 744 milhões de turistas (+1,8%), ou 41,1% do mercado mundial até 2030.

Contudo, esta perspetiva económica não capta a complexidade dos efeitos que o setor do turismo impõe à vida da cidade. O aumento dos preços da habitação, o congestionamento, o pouco poder de regulamentação sobre as empresas e plataformas digitais ativas a nível global em setores como a hotelaria e os transportes, são apenas algumas das consequências que estão atualmente a mudar a vida dos bairros (e as finanças da cidade) nas áreas urbanas de toda a Europa.

E embora o perigo more nos detalhes, é também aí que está a solução. Equilibrar a importância do turismo para as economias locais com o bem-estar temporário e permanente dos residentes, harmonizar as necessidades atuais com as preocupações ambientais futuras, adaptar os instrumentos desatualizados das administrações locais aos modelos empresariais em rápida mudança, requer respostas e ações coletivas.

Para tal, a rede vai utilizar o método URBACT, adotando uma abordagem integrada e participativa aos desafios urbanos, centrada no intercâmbio e na aprendizagem transnacional. O intercâmbio entre pares e a coaprendizagem a nível da rede serão traduzidos em planos de ação integrados a nível local e na contribuição para a capacitação das principais partes interessadas a nível local.

A rede URBACT Tourism Friendly Cities teve a sua reunião de  kick-off a 26 e 27 de setembro de 2019 em Génova, Itália.

O que é exatamente uma cidade amiga do turismo?

Foi a questão que o parceiro líder Génova debateu com os potenciais parceiros da rede quando preparavam a candidatura para participar na última convocatória aberta para Redes de Planeamento de Ação URBACT. A resposta vem na linha de que a comunidade local e os turistas devem trabalhar em conjunto para a sustentabilidade urbana. A cidade não é algo que pode ser tomado como garantido, um serviço a que alguém tem direito por pagar impostos ou uma taxa de visita. É um ecossistema frágil, onde cada parte interessada precisa de tomar consciência dos "efeitos" de cada uma das respetivas ações. É por isso que, embora a rede reconheça a importância económica fundamental do turismo, irá também explorar questões-chave relativamente ao tipo de crescimento a que cada cidade aspira. Em vez de apontar um dedo às consequências negativas do turismo, a rede pretende que a indústria e os turistas trabalhem em conjunto no desenvolvimento de soluções, juntamente com os residentes e as autoridades locais.

Reunião de representantes da Fairbnb em 30 de setembro de 2019 em Veneza, como parte do esforço de identificação de novas partes interessadas que propõem modelos alternativos de apoio ao turismo sustentável.

Urgência em agir

Uma das principais conclusões da reunião de kick-off da rede em Génova, a 26 e 27 de setembro de 2019, foi a urgência sentida por cada cidade parceira em encontrar um caminho para o desenvolvimento turístico sustentável a nível local. Havia também uma aspiração comum de que este atual projeto URBACT pudesse servir como o início de uma nova forma de trabalhar em conjunto a nível local, talvez com os Grupos Locais URBACT (ULG) a transformarem-se em observatórios locais para monitorizar o progresso dos futuros planos de ação e práticas globais.

O primeiro passo neste processo foi analisar o que cada cidade parceira definiu como o desafio mais importante relacionado com o turismo sustentável. Durante a reunião de kick-off, os parceiros utilizaram um local concebido para o evento para refletir sobre os planos de implementação existentes, lições aprendidas, aspirações, compromisso político e recursos locais disponíveis relacionados com as suas realidades locais.  Todos estes elementos serão explorados de forma mais circunstanciada durante as visitas dos parceiros ao longo dos próximos cinco meses.

Aguardamos com expectativa a continuação desta jornada! Pode acompanhar o trabalho da nossa rede e do URBACT sobre o turismo sustentável, seguindo os hashtags #sustainabletourism e #tfcities e subscrevendo a newsletter URBACT.

 

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Texto da autoria de Anamaria  Vrabie, apresentado a 31/01/2020