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À Descoberta da Inovação Digital

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21 October 2020
Read time: 3 minutes

Dizem-nos que o futuro é inteligente, que o futuro é digital. Mas o que significa realmente ser uma cidade inteligente? E como é que conseguimos a transição digital necessária de uma forma que beneficie realmente aqueles que vivem e trabalham nas nossas cidades?

À medida que vamos obtendo cada vez mais dados urbanos, melhor conectividade de rede e tecnologias mais avançadas, vamos continuamente explorando novas possibilidades de aplicar soluções digitais ou "inteligentes" a uma vasta gama de desafios urbanos. Desde a gestão de resíduos aos transportes e mobilidade, ao contacto com os cidadãos, à transparência e acesso à informação, a "Inovação Digital" oferece um vasto leque de oportunidades às cidades e governos. Com o objetivo de melhorar a gestão municipal, a qualidade de vida local e a sustentabilidade urbana, a transição digital e a mudança para "Cidades Inteligentes" é um dos principais fatores que ajudará as cidades a tornarem-se lugares modernos para viver e trabalhar no século XXI.

Grandes cidades como Londres, Barcelona, Amesterdão, Varsóvia e Berlim têm sido pioneiras na adoção de tecnologia para transformar a forma como as pessoas vivem e trabalham. Mas as cidades de pequena e média dimensão lutam frequentemente para fazer esta transição de modo tão rápido ou eficaz como as suas congéneres de maior dimensão.

Muitas cidades de pequena e média dimensão precisam de reduzir o fosso que as separa das cidades de maior dimensão, em termos de transição digital, e capitalizar as oportunidades oferecidas pelo movimento das cidades inteligentes. A nova rede URBACT DigiPlace - Digital Innovation for Cities permitirá às cidades trabalhar em conjunto e remover os obstáculos encontrados na sua jornada rumo à transição digital, tornando-se cidades inteligentes e, simultaneamente, inclusivas e sustentáveis.

Liderada pela cidade de Messina (IT), a rede DigiPlace é composta por um total de oito cidades parceiras, incluindo Oulu (FI), Ventspils (LV), Portalegre (PT), Roquetas de Mar (ES), Botosani (RO), Saint-Quentin (FR) e Trikala (EL), as quais se encontram atualmente a trabalhar na fase de desenvolvimento para definir o que entendem por "cidade inteligente" e quais as prioridades no âmbito do seu próprio trabalho de transição digital.

Tudo inteligente

Em muitos aspetos, o termo "Cidade Inteligente” tornou-se um termo genérico e demasiado utilizado, significando coisas diferentes para pessoas diferentes. Para compreender como a inovação digital irá beneficiar pessoas e lugares, temos de compreender primeiro as razões pelas quais procuramos tal inovação. Como sabemos que estamos numa Cidade Inteligente? Como é que os benefícios se manifestam? Que resultados procuramos?

O conceito de cidades inteligentes desenvolveu-se a partir das oportunidades oferecidas pela tecnologia, dados e conceção inteligente, tratando frequentemente de coisas como iluminação inteligente, sistemas de transporte inteligentes e contagem inteligente de eletricidade e água, com o objetivo de melhorar a habitabilidade, a operacionalidade e a sustentabilidade de uma cidade. No entanto, a inovação digital pode ser aplicada a quase todas as questões de política urbana. Neste contexto, a transformação numa cidade verdadeiramente "inteligente", no sentido mais amplo do termo, requer igualmente uma orientação clara no sentido de se utilizar a inovação digital de forma adequada a cada lugar, população e economia em particular.

Assim, um dos principais desafios para os parceiros da rede DigiPlace é precisamente hierarquizar as ações de transição digital de acordo com as prioridades e necessidades concretas de cada cidade.

Uma questão conexa, que muitas cidades destacam, é a"fragmentação" da atividade, em que as cidades têm muitos projetos de base tecnológica, mas pouca ou nenhuma ligação e cooperação entre elas. A elaboração de um Plano de Ação Integrado orientado e hierarquizado por esta rede URBACT será um fator essencial de capacitação das cidades parceiras, ao qual estas poderão recorrer para estabelecer uma estratégia digital mais ponderada e coerente.

Pessoas vs. Máquinas

A implementação destas estratégias digitais oferece a oportunidade de criar serviços mais avançados e personalizados. A sua   natureza disruptiva e o impacto das novas tecnologias são evidentes, particularmente em domínios como a inteligência artificial, a aprendizagem automática e os meta dados, estando já a começar a transformar cidades, comunidades e empresas, a reestruturar indústrias e a gerar novas oportunidades económicas.

Contudo, pese embora estas tecnologias serem uma parte importante de qualquer transição digital, elas não são um fim em si mesmo, mas um meio. Ser uma cidade verdadeiramente inteligente baseia-se tanto nas pessoas como na tecnologia, tendo a ver com a maneira como a população interage com essa tecnologia a fim de melhorar a experiência de viver e trabalhar numa cidade. Abrange residentes, empregados que nela trabalham, bem como funcionários municipais, políticos, universidades e estabelecimentos de ensino, instituições de caridade, empresas e outros. A forma como adotamos e utilizamos a tecnologia, e como pensamos e agimos nas nossas cidades, tudo contribui para a "inteligência" de um lugar.

Associadas a isso estão as competências e a mentalidade dos funcionários municipais e das partes interessadas. Para que as tecnologias digitais transformem o modo como trabalhamos nas nossas cidades, a forma como pensamos sobre como trabalhamos e sobre como desenvolvemos novas tecnologias também precisam de ser muito diferentes. Isto implicará uma mudança importante para alguns municípios e exigirá uma nova abordagem tanto para os funcionários como para os cidadãos. Mas se esta é, em parte, uma questão relacionada com aptidões e competências digitais, a verdade é que para se alcançar uma transição digital é necessário que, simultaneamente, a mesma seja acompanhada por uma "transição de mentalidades". Para serem bem-sucedidas, as cidades terão de equilibrar cuidadosamente os diferentes aspetos da sua estratégia entre pessoas e tecnologia.

A prova está no Pudim...

Mesmo após o estabelecimento de prioridades e da obtenção de um equilíbrio entre o lado das pessoas e o lado tecnológico da transição digital, bem como do desenvolvimento de um modelo de competências adequado, haverá ainda muitos desafios a enfrentar pelas cidades. A gestão de dados e as considerações em torno da privacidade e da cibersegurança continuam a ser temas "quentes". As cidades estão a operar num cenário em rápida mutação e terão de ser capazes de se adaptar para se manterem a par das tecnologias e regulamentos mais recentes. Os métodos digitais também têm o potencial de ser divisivos e aumentar ainda mais a desigualdade, excluindo aqueles sem acesso imediato a dispositivos digitais ou ligação à Internet. A questão da inclusão será um desafio para todos os envolvidos, em particular as cidades mais pequenas e com menos recursos.

Identificar as ferramentas digitais adequadas constitui uma das principais preocupações da rede DigiPlace. Será também crucial adotar a abordagem certa para a transição. Para que isso aconteça, é preciso começar a trabalhar nesse sentido desde o início: a mentalidade e a abordagem corretas têm de ser intrínsecas ao projeto desde o começo. Mas a natureza do método URBACT é perfeita para isso, sendo ideal para reunir tecnologia e pessoas de uma forma integrada e participativa. Aqui está uma emocionante jornada digital...

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Texto da autoria de Ian Graham apresentado a 2 de fevereiro de 2020